Monografias e artigos: cuidado com o senso comum – dicas para monografias
Em post anterior, abordei o problema da perda de foco em trabalhos monográficos e artigos. Neste post, tratarei de outro erro bastante frequente para estudantes de graduação e pós-graduação: generalizações baseadas no senso comum.
Trabalhos monográficos e artigos devem apresentar fundamentação teórica. O nível e a forma da fundamentação depende um pouco da área. A referenciação bibliográfica, entre outras funções, fundamenta, sustenta e fortalece as discussões. Em linguística aplicada, por exemplo, é raro que um artigo tenha referenciação em poucos autores. Isto pode ser visto como fragilidade do trabalho. Uma dissertação ou uma tese na área precisa ter vasta fundamentação teórica.
Para monografias e artigos, a fundamentação evidentemente é menor, mas não pode ficar muito restrita. A importância da fundamentação pode ser tema de outros posts. Vamos voltar aos riscos das generalizações basedas em senso comum.
É necessário tomar muito cuidado com afirmações fortes baseadas no senso comum, sem fundamentação. As experiencias pessoais são importantes, mas escrever um artigo baseando-se nas mesmas pode ser um problema sério. O senso comum pode conduzir a afirmações perigosas, imprecisas, falsas e até mesmo preconceituosas.
No caso da educação, um professor não deve escrever um trabalho fazendo parecer, por exemplo, que todas as escolas são “iguais” a sua. O que dá certo em uma escola não necessariamente dá certo em outra. O mesmo ocorre com as experiências bem-sucedidas. Um trabalho acadêmico não pode generalizar como se todos os alunos, as escolas, os professores fossem iguais.
No caso da linguística, dizer, por exemplo, que os “alunos não sabem gramática” é um exemplo de afirmação baseada no senso comum. Algumas perguntas para descontruir esta afirmação: Nenhum aluno sabe gramática? Qual a visão de gramática está sendo considerada? Saber neste caso significa usar a norma padrão? Outras perguntas poderiam ilustrar a dificuldade de manter esta afirmação de forma enfática.
A afirmação exemplificada pode ser encontrada em diversos discursos educacionais, na mídia… Isto faz erroneamente parecer que ela retrata uma “verdade universal inquestionável”, o que nitidamente não é o caso.
A questão do senso comum é complexa. Espero ter ajudado um pouco.